segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Para esta tarde... Rosa Branca

Uma canção de matriz popular um clip excelente, como de excelência são os músicos que aqui acompanham Mariza.



Uma boa tarde e preparem-se para Março que Fevereiro este ano não teve Carnaval.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Bandeira do Divino

Foto by Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2008)

Os casais açorianos que por ordem de El-Rei de Portugal povoaram e colonizaram o Rio Grande do Sul levaram consigo a matriz cultural açoriana de que o culto do Divino Espírito Santo é um dos elementos estruturantes, como é, também, a própria emigração.
Este tema de Ivan Lins que chegou ao meu conhecimento pela mão do António Melo Sousa , na primeira metade da década de 90, numa sessão sobre o culto do "Espírito Santo, realizada na então Escola Preparatória de Arrifes e onde participou também o Professor Rui Martins.


Com puderam constatar o culto do "Divino" não se cristalizou nas comunidades de origem açoriana. Ivan Lins apropriou-se desta faceta da tradição açoriana e projectou-a.

(...) Em meados do Século XVII começou a se realizar, por determinação das autoridades de Lisboa, uma bem sucedida experiência de colonização do tipo moderno mediante a fixação de famílias ao solo. Essa imigração em massa visava defender e povoar os atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, pois a Coroa estava convencida que a melhor maneira de garantir a posse da terra era povoá-la. Assim, imigraram para o Brasil a partir de 1732 milhares de colonos ilhéus oriundos do arquipélago dos Açores.(...)
Para ver mais clique aqui

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Começar de Novo



Para o fim de semana que se aproxima e antes de reiniciar o Plenário da ALRAA que este mês se prolonga pela tarde de sexta-feira.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Zeca Afonso

Passam 24 anos sobre a morte de Zeca Afonso.



Milho Verde uma canção da Beira Baixa

Geodúvidas

O projecto de produção de electricidade a partir da energia geotérmica iniciou-se nos Açores nos idos anos 70 do século passado, na ilha de S. Miguel. Como qualquer outro projecto de prospecção e de instalação de uma central que utiliza uma energia pouco conhecida atravessou momentos menos bons e avultados investimentos que geraram, à época, muita controvérsia. Passados mais de 30 anos a produção de energia eléctrica a partir da geotermia é uma realidade consolidada.
A geotermia e a energia eólica contribuem para a redução da dependência energética com todos os ganhos económicos e ambientais que essa realidade significa.
A Terceira, o Pico, o Faial e a Graciosa têm, tal como S. Miguel, potencial geotérmico para a instalação de centrais de produção de energia eléctrica mas, notícias vinda recentemente a público ameaçam a continuidade dos esforços e investimentos já feitos, designadamente na ilha Terceira.
A Geoterceira sociedade com capitais maioritariamente da EDA e da EDP veio tornar público que os estudos de prospecção apontam para um potencial de produção de 3 MW ao invés dos esperados 12 MW e que a Assembleia de accionistas iria decidir sobre a continuidade ou não do investimento. Notícia que não pode deixar de levantar algumas preocupações e interrogações.
Preocupações, desde logo, ao nível do avultado investimento que agora se pode esfumar numa decisão de accionistas que como está comprovado nem sempre decidem em favor do interesse público.
Interrogações sobre a criação da Geoterceira quando já existia uma entidade para a exploração da energia geotérmica nos Açores: a Sogeo. Sobre a localização dos furos termométricos, sobre os ensaios de porosidade e fracturação que como se sabe são fundamentais na prospecção, sobre a entrada e qual o papel da Geotermex (empresa de consultadoria estado-unidense), enfim um conjunto de perguntas que legitimamente se podem colocar aos responsáveis técnicos e políticos, como por exemplo uma outra, quiçá, a que vai ao cerne do problema: Porquê fragmentar um projecto de investimento com esta dimensão financeira e estratégica? Quando a lógica deveria ser a da integração da geotermia num plano energético regional!?
A demonstração da importância da geotermia como energia alternativa à produção de electricidade está feita, por fazer estão outros aproveitamentos subsidiários mas igualmente potenciadores de importantes mais-valias para a Região como, por exemplo, a consolidação do saber científico e área de excelência da Universidade dos Açores que inexplicavelmente não tem sido aproveitado ou, de utilização do potencial da geotermia no turismo e na agricultura.
O projecto da geotermia na Terceira está dramaticamente debilitado mas, em minha opinião, não pode acabar sem que se proceda à reavaliação do projecto e sem o apuramento de responsabilidades sobre as expectativas defraudadas.
Horta, 21 de Fevereiro de 2011

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 23 de Fevereiro de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Investimento ou desperdício

O golfe tem sido apresentado como uma das principais âncoras do modelo de desenvolvimento para o sector do turismo na Região o que, no plano teórico até poderá faz algum sentido. A natureza idílica com que estas ilhas foram bafejadas, os avultados montantes que a publicidade empresarial e institucional afecta à organização de eventos ligados aos tours nacionais e internacionais, potenciada pela atenção dos média a este desporto/lazer, a disponibilidade financeira dos seus praticantes e adeptos, constituem factores que certamente estiveram na raiz da opção pelo golfe como uma actividade estruturante para atrair um determinado segmento de turistas à Região e, assim rentabilizar investimentos hoteleiros e infraestruturas já existentes ou projectadas para a prática do golfe.
A realidade tem mostrado que talvez não seja bem assim. A situação vivida pela Verdegolf em S. Miguel deve constituir-se como um elemento de reflexão pois, como é do domínio público apesar de todos os apoios financeiros públicos e investimentos, também eles por conta da Região, para captar eventos e praticantes vindos do exterior não foi bem sucedido. A empresa entrou em colapso e incumprimento com os trabalhadores o que levou à intervenção do Governo Regional para salvaguardar os postos de trabalho de algumas dezenas de trabalhadores. Intervenção com a qual não posso deixar de concordar mas que considero ter ficado aquém do desejável pois visa “segurar” a actividade enquanto for deficitária para, logo que passe a ser lucrativa voltar às mãos do grupo empresarial que detém a concessão. Também aqui uma prática conhecida, salvo a respectiva dimensão, quando comparada, por exemplo, com o BPN: nacionalizar” o prejuízo e privatizar o lucro.
Pela situação vivida na Verdegolf mas também pelas aprendizagens que deveriam ser feitas com a génese e os contornos da crise e pela própria volatilidade da actividade turística tal como ela foi desenhada para os Açores julgo ser tempo de arrepiar caminho e não insistir no erro.
No plano dos investimentos públicos regionais, por via da Sociedade “Ilhas de Valor” ou por qualquer outra via, é conhecida a intenção de construir de raiz um campo de golfe em Santa Maria e um outro no Faial. Que estas duas ilhas necessitam de um forte investimento público regional não tenho dúvidas, que seja este o investimento necessário e prioritário para transformar o declínio a que têm estado sujeitas, não me parece. Assim como não me parece que insistir nestes avultados investimentos públicos quando está verificada a falência do modelo é desperdiçar recursos públicos que, como sabemos, são escassos.
Ponta Delgada, 18 de Fevereiro de 2011

Aníbal C. Pires, In A União, 22 de Fevereiro de 2011, Angra do Heroísmo

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Cenário inóspito

Logo mais vou participar no programa "Parlamento" da RTP Açores. Hoje é em directo e logo a seguir ao programa "troféu", o tema volta a ser Educação e para além de mim farão parte do painel mais dois deputados. O espaço cénico já está montado e como se pode ver pelas imagens não é nada acolhedor, diria mesmo que é um espaço frio, desagradável e sem condições para um programa que pretende fazer eco dos grandes temas que são discutidos no Parlamento Regional.

Tenho consciência que a RTP Açores está, como estamos todos, com dificuldades mas um pequeno investimento num estúdio de televisão na sede da ALRAA seria devidamente compensado a curto prazo.
Digo eu!

Working Class Hero

Em tempo de tomada de consciência aqui fica esta balada de John Lennon



E no dia 12 de Março lá estarei em Ponta delgada na manifestação da "Geração À Rasca"

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Fado Luso

Júlio Pereira é um dos melhores músicos portugueses. Hoje passa no"momentos" com o tema "Fado Luso".



Estou de saída para o Faial (plenário de Fevereiro).
Vou ali comer uns "chicharrinhos" fritos com arroz de feijão (feito por mim).
Portem-se BEM que eu não sou capaz e... alguém tem de se comportar.
Fiquem como o Júlio Pereira. Se não voltar ainda hoje ficam já os votos de uma boa noite.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Take off

Nos paúis de Santa Cruz da Graciosa uma "garça" fazia companhia aos habituais frequentadores daquele espaço.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A remodelação


A ascensão de Cláudia Cardoso (CC) ao Governo Regional era uma questão de tempo, embora o tempo e a companhia não lhe sejam favoráveis. A remodelação que se adivinhava no elenco presidido por Carlos César não terá sido a que estaria a ser desenhada, não que essa remodelação não incluísse a pasta da Educação mas, porque Lina Mendes acabou por precipitar os acontecimentos com um pedido de demissão, ancorando os fundamentos na sua suposta inabilidade para a actividade política, como ela própria reconheceu em declarações públicas.
As pastas da Saúde, Trabalho e Solidariedade Social e Educação seriam, pelo contexto de crise que vivemos, pela contestação social, pela inabilidade e, pela necessidade interna do PS se dotar, a menos de 2 anos das regionais de 2012, de quadros eminentemente políticos para travar o combate eleitoral, seriam, como dizia, as pastas em que era expectável que acontecesse uma substituição dos titulares. Tal não ocorreu e, a minha reflexão especulativa caiu como um mal amanhado castelo de cartas. Talvez, Ou não!
CC, pela sua projecção política no seio da estrutura do PS, pelas suas qualidades e experiência política e governativa, pela sua notável experiência aliada à juventude e pelo seu desempenho parlamentar, designadamente como Presidente da Comissão dos Assuntos Sociais foi, naturalmente, empossada como sucessora da demissionária Lina Mendes. Naturalmente, pelas razões que enunciei e também pela expectativa e prestígio que goza(va) junto dos docentes e dos sindicatos. Mas todo este capital de CC se esfumou, num abrir e fechar de olhos, ao nomear Graça Teixeira (GT) como Directora Regional de Educação (DRE) e, ao confirmar, com a publicação do Aviso de Abertura dos Concursos Interno e Externo, que afinal a emenda é quase tão má como o soneto (ou pior).
Mantém-se, por ora, a anualidade dos concursos, interno e externo, garantidas ficam assim, este ano, as prioridades regionais na contratação pois, como é sabido dependem de candidatura ao concurso externo, mas perderam-se 63 lugares do quadro, ou seja, a precariedade laboral na docência vai aumentar.
Sendo que CC a qualquer momento poderia ser chamada ao Governo Regional, como afirmei na primeira frase, bem vistas as coisas, também como disse, este não é o melhor dos tempos nem a companhia que lhe arranjaram para DRE lhe é favorável. Ao invés de CC, GT é politicamente inexperiente, ganhou protagonismo como Presidente do Conselho Executivo da Secundária da Lagoa não tanto pelo seu valor intrínseco como profissional mas, porque o Governo Regional quis projectar para o espaço público regional um certo modelo de Escola e de Gestão Escolar e para isso investiu avultados recursos e marketing naquela Unidade Orgânica, GT não tem peso político na estrutura regional do PS Açores e os educadores e professores não lhe reconhecem qualidades para o desempenho do cargo que assumiu.
Que a saída da esfíngica Lina Mendes era inevitável sabia-se desde que o enigma da sua nomeação se desfez - foi um erro de “casting”; que a solução para a sua substituição tivesse sido CC na companhia de GT foi dar razão às vozes que se referiam a GT como a sombra de Lina Mendes e a CC como a Secretária sombra ou, vice-versa conforme o contexto, o que configura uma solução de recurso que não vai bem com o estilo e praxis do Presidente do Governo Regional, algo correu mal lá para os lados do Palácio de Santana.
Certo é que, tal como afirmou CC logo após a sua posse, as políticas são para se manterem, quanto a abordagens com uma sensibilidade diferente a que CC aludiu nas mesmas declarações… Bem! O aviso de abertura dos concursos diz-nos com toda a transparência qual a natureza da sensibilidade de CC para abordar o problema com que de imediato se deparou - uma no cravo, outra na ferradura.
Para quem tinha ilusões CC conseguiu desvanecê-las apenas numa semana e esgotou em duas decisões o estado de graça que normalmente se concede tacitamente, durante um período de tempo, aos novos titulares de pastas governativas.
Lamento! Lamento pelos docentes e lamento, sobretudo, por uma geração de alunos que a política educativa do PS Açores está a sacrificar perpetuando conhecidos problemas estruturais que se constituem como barreiras ao desenvolvimento.
Ponta Delgada, 10 de Fevereiro de 2011

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 16 de Fevereiro de 2011, Angra do Heroísmo

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Deolinda

Quando me perguntam: Qual o género musical que preferes? A resposta que costumo dar, normalmente, não deixa o interlocutor satisfeito: Não tenho. E assim é na realidade. Não tenho preferência por este, aquele ou aqueloutro género musical, talvez por de música não perceber rigorosamente nada. Gosto de música e pronto! E para gostar basta que a sinta. Gosto quando me predispõe a dançar, gosto quando me convida à reflexão, gosto quando me faz sorrir e, por vezes chorar, gosto quando a melodia e as palavras me provocam arrepios na alma. Gosto! É assim como a paixão que tem razões que a razão desconhece. A fruição da música é, em mim, um acto pouco racional… é instintivo, animal, primário. Gosto, ou não gosto, independentemente do género musical. Gosto do hip-hop do Valete mas não gosto do liricismo do Pac-man, vá-se lá saber porquê e eu… não quero saber. E, por favor, não me tentem explicar. Vivo bem com os meus instintos e com as minhas músicas.
Gosto dos Deolinda! Sim, esses em que agora todos desancam por causa de uma parvoíce. Todos não, claro! Eu não. E, como eu mais alguns cidadãos que não pertencendo ao clube de fãs lhes reconhece valor e… simplesmente gostam. Mas a verdade é que pegou moda, Ele são ilustres cronistas, ele são bloguers de referência, ele são os intelectuais, ele são qualquer coisa e, em comum uniram-se para criticar desbragadamente a Ana Bacalhau e os músicos que dão corpo ao projecto musical conhecido por – Deolinda.
Não tinha dado conta de tanta opinião negativa sobre os Deolinda, por distracção ou pelo nevoeiro, até à divulgação do tema que dá pelo nome: “Parva que sou”.
Antes dos espectáculos dos Coliseus do Porto e Lisboa, onde foi divulgada a canção da controvérsia, os Deolinda faziam o seu percurso como qualquer outro grupo musical, ou seja, com os incondicionais fãs, com os que gostam de forma desprendida, com os que não gostam e com os que simplesmente desconhecem a sua existência. Tudo na Santa Paz do Senhor!
Mas não é que os Deolinda atreveram-se - são uns pretensiosos - a incluir no reportório uma alegada canção de protesto que fala: de precariedade laboral, sem o dizer; de baixos salários, sem o referir; de futuro adiado e vidas por construir, sem apelar à insurgência… é mais como uma espécie de constatação que termina assim: “que mundo tão parvo, onde para ser escravo é preciso estudar”. Este é o pecado original dos Deolinda que uniu várias personalidades num coro de críticas e protestos.
Quero deixar claro o meu desacordo com a afirmação que induz a ideia que para ser escravo seja necessário estudar, não obstante esta divergência, que não é de somenos importância, a canção dos Deolinda não deixa de ser o retrato de uma geração a quem estão a subtrair o sonho e que, naturalmente, fez sucesso no seio de quem ali foi espelhado e incomodou os acólitos dos responsáveis por este “(…) mundo tão parvo”
Para dar sustentação à minha discordância e para finalizar vou apenas citar José Martí: “Ser culto é o único modo de ser livre”, E acrescentar: uma imensa maioria de portugueses, mesmo os que passam pela Universidade, está muito longe de ser livre.
Ponta Delgada, 12 de Fevereiro de 2011

Aníbal C. Pires, In A União, 14 de Fevereiro de 2011, Angra do Heroísmo

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A olhar a esperança

Partir querendo ficar

Olhar o fado, nos caminhos do mar

Caminhos de esperança
Destino de partida anunciada
Para lá do mar
A ilha… outras ilhas
Para lá do oceano
Além, na terra longe
O sonho da fortuna
Em pátrias de abastança e desperdício
Cumprindo o fado
É tempo de partir
Pelos caminhos do mar

Na terra mãe
É,
“hora di bai”
“hora di dor”
Dor da partida
Consolo da mágoa
Na doçura já sonhada
Do regresso ao seio
“Di nha cretcheu...di nos terra”

Ponta Delgada, 13 de Fevereiro de 2011

Nota: Para uma melhor compreensão aconselho a irem aqui e aqui é preciso conhecer Eugénio Tavares para entender a génese da caboverdianidade.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Maria Gadú para esta tarde

Nesta tarde de sábado na cidade cinzenta a voz tropical, cristalina e doce de Maria Gadú.



Maria Gadú numa outra canção aqui

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Scarlett Johansson e Natalie Portman

A pedido de vários amigos e... como é a tal quinta-feira dos ditos não posso negar o singelo pedido que me foi feito. Assim deixo-vos imagens de duas lindas mulheres que roubei ao blogue "E Deus Criou a Mulher".


Bem sei meus amigos que o pedido está demasiado vestido mas... meus caros como sabem este blogue rege-se por uma política de contenção e, sobretudo, pela preocupação constante em deixar espaço á imaginação e reflexão dos seus visitantes, por outro lado, eu próprio gosto de descansar o olhar sobre mulheres bem vestidas.

Los Nadies

Terminei o último post assim: "Sem perder de vista aquilo que é importante."
E porque é importante reflectir fica este texto de Eduardo Galeano: "Los Nadies"



A minha cunhada Manuela Thadeu foi a responsável, ainda que indirectamente, por este post.

Quinta-feira de amigos

A tradição açoriana manda comemorar este dia como o dos amigos.
Este tema de Zeca Afonso fala de amigos, do vento e do pensamento... e marco com ele a celebração deste dia.



Divirtam-se!
Sem perder de vista aquilo que é importante.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sustentabilidade das pescas

A gestão dos “mares ocidentais” é uma competência de Bruxelas por força do Tratado e da caducidade da moratória concedida a Portugal, no âmbito do processo de integração europeia. A soberania sobre a nossa imensa Zona Económica Exclusiva (ZEE) foi cedida a outros interesses e, não se percebe porquê sendo que Portugal tem uma das maiores linhas de costa da União Europeia e os portugueses, um dos povos que mais peixe inclui na sua dieta alimentar, verificando-se já uma situação de dependência, ou seja, Portugal não pesca o que necessita para consumir.
É certo que na Região Autónoma dos Açores, excepcionalmente, a ZEE vai até às 100 milhas o que permite à Região e ao País alguma liberdade para adequar as políticas de pesca e a gestão dos recursos marinhos nos mares açorianos. Mas, também sabemos que a eficácia da fiscalização está comprometida pela falta de meios para a fazer o que nos deixa à mercê de frotas predadoras cujo principal objectivo é o lucro chorudo e imediato.
O aumento descontrolado do esforço de pesca que nos últimos anos se verificou nos mares dos Açores coloca em perigo a sustentabilidade desta secular e estruturante actividade económica.
A sobre exploração de espécies para as quais existem quotas ou tamanhos mínimos, está a atingir níveis preocupantes, registando-se testemunhos e tomadas públicas de posição dos pescadores e das suas Associações, que dão nota de substancial redução de capturas colocando, assim, em perigo a subsistência dos pequenos armadores da Região.
O conhecimento empírico e científico permite-nos já afirmar, com toda a segurança, que algumas artes de pesca, como o long-line ou palangre de fundo, têm um efeito destrutivo sobre os recursos piscícolas, tanto maiores são esses danos quanto é sabido que essas artes são utilizadas indiscriminadamente por embarcações de grande porte, propriedade de armadores que revelam uma total despreocupação em relação aos equilíbrios ambientais e à gestão dos stocks e, cujo efeito depredador verificado noutros locais se está a verificar, desde algum tempo, nos nossos mares contribuindo de forma acelerada para o esgotamento de algumas espécies outrora abundantes.
Paralelamente ao aumento do número de embarcações de grande porte, existe uma pressão crescente para o abate e a recusa sistemática de novos licenciamentos para as pequenas embarcações da pesca artesanal que, para além de realizarem uma pesca mais selectiva e sustentável, exercem, desde há muito, um papel social estruturante nas comunidades piscatórias, seja como actividade principal ou complementar.
Não obstante, a perda de soberania para o domínio da União Europeia neste sector, continua a competir à Região a emissão de licenças de pesca não se compreendendo, assim, que as autoridades regionais adoptem a passividade como estratégia pondo em risco a sustentabilidade das pescas açorianas e não atendendo a realidades diversas. O que é válido para S. Miguel não é forçosamente válido para as Flores, Pico, Santa Maria ou Terceira.
Ponta Delgada, 08 de Fevereiro de 2011

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 09 de Fevereiro de 2011, Angra do Heroísmo

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Caminhos de mudança

A reeleição de Cavaco Silva constitui-se como um factor de agravamento da situação política, social e económica. O quadro político que emerge das eleições presidenciais é favorável ao agravamento do declínio económico e da injustiça social, da submissão do país a interesses estrangeiros e à chantagem do grande capital financeiro.
A eleição de Cavaco Silva é um incentivo ao prosseguimento das políticas recessivas impostas pelos pacotes de austeridade de José Sócrates, seja com base na cooperação estratégica com o actual Governo do PS, seja com a cúmplice intervenção para viabilizar a chegada ao poder de um governo do PSD e do CDS, ou seja, com a reeleição de Cavaco Silva está assegurada a continuidade das políticas de direita mas significa, de igual modo, mais instabilidade e miséria na vida dos trabalhadores e do povo português.
Neste quadro difícil torna-se ainda mais necessária a luta e o protesto dos milhões de portugueses que são as vítimas desta política, uma luta que é o único factor verdadeiramente capaz de travar este avanço das políticas de direita e na qual todos nos devemos empenhar.
Na Região os recentes cortes e a exclusão de beneficiários de prestações sociais, desde o abono de família, ao rendimento social de inserção, ao subsídio social de desemprego geram, nalgumas ilhas situações de aguda carência e profunda exclusão social que afectaram directamente quase 4000 açorianos.
Mas também o agravamento do custo de vida, em especial de bens e serviços essenciais, como o pão e outros produtos alimentares ou os combustíveis, torna cada vez mais difícil o dia-a-dia das famílias açorianas, o aumento a pressão sobre o emprego e sobre os trabalhadores, em múltiplos sectores, consubstanciada em situações de lay-off, o pedido de suspensão de contratos de trabalho por iniciativa dos trabalhadores, os despedimentos colectivos encapotados por acordos individuais com os trabalhadores, os salários e outras remunerações em atraso, etc. etc.
Os exemplos anteriores, de entre muitos outros, comprovam que o PS Açores e o seu Governo exercitam a hipocrisia política ao aceitar e apoiar como inevitáveis as políticas de austeridade que o seu próprio Governo aprova na República para depois lamentar os efeitos penalizadores das políticas de José Sócrates sobre as açorianas e açorianos, aliás reconhecendo explicitamente, ao aprovar na Região medidas que vão em contra ciclo, que as políticas impostas pelo PS e pelo PSD são recessivas e que acentuam as desigualdades e, sobretudo, que são possíveis outros caminhos.
Caminhos de mudança.
Ponta Delgada, 07 de Fevereiro de 2011

Aníbal C. Pires, In A União, 08 de Fevereiro de 2011, Angra do Heroísmo

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

- 63 - Nota negativa para Cláudia Cardoso

A novel equipa da administração educativa na Região Autónoma dos Açores tomou na passado dia 31 de Janeiro uma decisão esperada e que decorre da luta dos educadores e professores, das suas organizações sindicais e, também, do PCP Açores (um lembrete para desmemoriados).
O que parecia um gesto que indiciava uma nova era para a educação nos Açores cedo se percebeu que não passava de um expediente do tipo "do mal o menos".
Assim:
- primeiro, atira-se o "barro à parede" dizendo que não haveria lugar à abertura de concursos interno e externo;
- segundo, demite-se Lina Mendes;
- terceiro, a nova Secretária, Cláudia Cardoso, anuncia a abertura de concursos;
- quarto, é nomeada a nova Directora Regional de Educação, Graça Teixeira,
- quinto, é publicado o aviso de abertura dos concursos
- sexto, número de vagas abertas 29, número de vagas fechada 92.

Cláudia Cardoso, disse após tomar posse que: a política educativa do Governo era para manter e que a sua abordagem podia trazer uma nova sensibilidade ao sector.
Feitas as contas 29-92= - 63 Nesta que é a primeira grande decisão de Cláudia Cardoso a nota é francamente negativa.
O quadro de pessoal docente na Região vai perder 63 lugares.
Mas vai abrir concurso, dir-me-ão.
Pois é!  Lá está o expediente: "do mal o menos"

Pois é... "que parva..."



Aqui fica a letra... a reflexão é inteiramente por vossa conta.

Sou da geração sem remuneração
e não me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração ‘casinha dos pais’,
se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
e ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar.

Sou da geração ‘vou queixar-me pra quê?’
Há alguém bem pior do que eu na TV.
Que parva que eu sou!
Sou da geração ‘eu já não posso mais!’
que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
que mundo tão parvo
onde para ser escravo é preciso estudar

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

António Borges Coutinho - 1923-2011

Faleceu hoje, 03 de Fevereiro, o amigo e camarada António Borges Coutinho.
Recebi a notícia ao princípio da tarde, A Ana Loura, também ela uma querida amiga e camarada deu-me conta do sucedido.
Perdeu-se um homem livre, bom e generoso que dedicou toda a vida ao seu povo e ao seu país.
A Região Autónoma dos Açores está a dever-lhe um justo reconhecimento.
Até sempre camarada!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Injustiça e discriminação

No plenário de Outubro de 2010 o PCP Açores apresentou um Projecto de Resolução para que a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores se pronunciasse, por sua própria iniciativa e no uso das suas competências, sobre os cortes salariais e outras medidas de austeridade impostas no Orçamento de Estado para 2011. Esta iniciativa tinha como fundamento a preocupação que os impactos das medidas teriam sobre a economia regional e as famílias açorianas considerando que, devido à condição insular e arquipelágica da Região os efeitos e severidade das medidas seriam aqui muito mais penalizadores do que no continente, aliás não passou muito tempo para que este vaticínio se viesse a comprovar.
Comprovado ficou também que o PS e o seu Governo, ao chumbar isoladamente a iniciativa da Representação Parlamentar do PCP, se aliou a José Sócrates e esqueceu a defesa dos açorianos, dos Açores e da economia regional. Nesse que era o momento o PS Açores arredou-se para mais tarde arrepiar caminho e num claro reconhecimento do erro e da injustiça que constituem os sucessivos pacotes de medidas de austeridade propor, em sede de Orçamento Regional, compensações remuneratórias e outras para “aliviar” a economia regional e as famílias açorianas dos efeitos perversos das políticas impostas pelo seu correligionário José Sócrates.
Apesar da vozearia que se ergueu no hemiciclo da ALRAA, em Outubro passado, afinal, os cortes salariais sempre eram injustos, os aumentos de impostos sempre eram penalizadores, afinal o garrote forçado por Lisboa também afecta duramente os açorianos e a economia regional.
Porque agora é o próprio Governo Regional do PS que vem dar razão à crítica e ao alerta do PCP Açores. Sim, porque esse é o significado político das medidas que têm vindo a ser tomadas na Região para compensar e minimizar os efeitos das políticas de Sócrates e Passos Coelho, naturalmente abençoadas por Cavaco Silva.
Esta é a medida da hipocrisia política do PS Açores: negar-se a contestar no momento certo as medidas que depois lamenta e tenta minimizar!
A posição do PCP Açores é e sempre foi clara: Contesta todos os cortes e apoia todas as medidas que os compensem. Está e estará ao lado de todos os que sofrem os seus efeitos e tudo faremos para, senão anulá-los, pelo menos para os minimizar.
Por isso apoiou a Remuneração Compensatória e a sua extensão ao máximo de trabalhadores possível.
Por isso vai apoiar a não aplicação dos cortes salariais aos trabalhadores das empresas públicas.
Por isso propôs o aumento do Complemento Regional de Pensão para 60,00€.
Por isso propôs e viu aprovado em 2,1% o aumento da Remuneração Complementar, que se dirige aos trabalhadores da administração pública regional e local que auferem salários até 1034,00€ mensais.
A génese da injustiça e da discriminação não são as medidas que têm sido tomadas na Região e que o PCP Açores tem apoiado e proposto, as causas da injustiça e da discriminação têm a sua origem em Lisboa e em Bruxelas com a imposição a um reduzido segmento da população portuguesa, os trabalhadores da administração pública que auferem salários superiores a 1500,00€, que paguem uma crise para a qual não foram, nem são, de todo, responsáveis.
Ponta Delgada, 01 de Fevereiro de 2011

Aníbal C. Pires, In Diário Insular, 02 de Janeiro de 2011, Angra do Heroísmo

Olhares

Mergulho no teu olhar
Na demanda d’um atalho
Um sinal…
… verde-esmeralda do teu olhar azul de mel
e terra prometida
Afundo-me nos teus olhos negros
Naufrago no teu seio

Perdido
Sem Norte, rumo... a Sul
Ao paraíso da terra prometida num olhar azul de mel
dos teus olhos negros a cintilar esmeraldas… de esperança

Aníbal C. Pires, 01 de Fevereiro de 2011