quarta-feira, 31 de maio de 2017

Restaurar a soberania

Imagem retirada da Internet
A situação social e económica no país melhorou, É inegável. Como também é incontestável que isso se deve à inversão de políticas, ou seja, fazer o contrário do que o Eurogrupo, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional receitaram a Portugal e, receitam um pouco por todo o Mundo, com as consequências conhecidas.
Mas será que se afastaram, de todo, as causas que estiveram na origem da crise que motivou, por um lado a intervenção da troika e, por outro lado a adoção cega e até mais penalizadora, pelo anterior governo, das medidas que empobreceram o povo e os trabalhadores portugueses, Não. As causas, as raízes do problema continuam bem vivas à espreita de uma nova oportunidade e dos protagonistas do momento para se instalar e estender os tentáculos, num abraço sufocante, aos direitos e aos rendimentos do trabalho, dos reformados e pensionistas.
Estou satisfeito, Sim confesso que me sinto moderadamente satisfeito, mas continuo atento e a defender mais, muito mais, do que aquilo que, na prática, resultou do desbravar caminho para a formação de um governo minoritário do PS e do acordo bilateral que foi subscrito com o PCP. Houve outros acordos bilaterais, é certo, mas nem todos produziram o efeito daquele a que me referi. Mas não tenho ilusões. Não fora a luta das populações e dos trabalhadores e não se tinha ido tão longe quanto se foi, ainda que isso seja pouco, muito pouco para erradicar as causas que produziram os efeitos nefastos na economia nacional e o drama que atingiu a generalidade dos portugueses.
Tentarei, não é fácil, transmitir as minhas preocupações e a minha visão do que é politicamente necessário fazer para dar sustentabilidade à economia nacional, é que não bastam os registos positivos neste ou no ano anterior, é necessário um crescimento continuado e sustentável. E, para garantir que não há retrocessos é necessário remover alguns obstáculos que impedem o País de traçar o seu próprio destino e, sobretudo, estanquem a sangria de recursos financeiros para o estrangeiro. Lembro que Portugal paga anualmente mais do dobro, em encargos com a dívida, do que recebe de fundos estruturais. Pois é, afinal somos contribuintes líquidos, não para o Orçamento da União Europeia, mas para o setor financeiro internacional que vampiriza os países com dívidas públicas elevadas e economias débeis.

imagem retirada da Internet
É neste quadro que urge remover pelo menos três constrangimentos que estão a impedir Portugal de encontrar o caminho do crescimento sustentável.
A renegociação da dívida, a submissão ao euro e o controle público da banca. A resolução destas questões é um imperativo nacional. O espartilho ao investimento público, que desceu para níveis idênticos ao dos anos 50, decorre, no essencial, destes três fatores e da sua conjugação.
A recuperação da soberania monetária é uma necessidade estrutural do nosso País, só assim será possível libertar Portugal das chantagens dos “mercados”, do Pacto de Estabilidade e Crescimento e do Tratado Orçamental, que estimulam o endividamento externo e, por conseguinte, a saída de capitais para o estrangeiro.
A renegociação da dívida é outra necessidade estrutural, Portugal não pode continuar a suportar encargos com uma dívida, que sendo para pagar, é impagável se não forem renegociados os prazos, os juros e se apure o seu montante real.
Por fim, a necessidade de inverter a alienação e concentração acelerada nos megabancos europeus da atividade bancária. A racionalização e reorientação do crédito para a atividade produtiva em vez de especulativa só é possível com o controle pública da atividade bancária.
Portugal é um País periférico, fragilizado, dependente, endividado e condicionado por decisões exógenas. Portugal precisa, desde logo, recuperar a sua soberania monetária sem a qual não é possível implementar um modelo de crescimento sustentável, um modelo de desenvolvimento livre das amarras que nos são impostas por parceiros que mais parecem sanguessugas.
Ponta Delgada, 30 de Maio de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 31 de Maio de 2017

terça-feira, 30 de maio de 2017

Resgates, ou um perigoso leitor de jornais

Carlos Tomé - foto de Eduardo Costa
Um Perigoso Leitor de Jornais, romance baseado em factos reais, da autoria de Carlos Tomé, foi ontem apresentado em Ponta Delgada. Não tendo nenhuma pretensão de fazer crítica literária, deixo essa tarefa para quem de direito, mas não posso deixar de fazer algumas referências a este livro que, por gentileza do autor, a quem agradeço, me chegou às mãos uns dias antes de ser conhecido do público.
Ontem na apresentação do livro afirmou-se que esta estória consistia no resgate da memória do avô do autor, e assim é. Mas Carlos Tomé não só resgata a estória do seu avô, o autor resgata para a memória coletiva regional e nacional, um período da nossa história sobre o qual não existe muita informação e que carece de um estudo mais aprofundado. A revolta dos degredados em Angra do Heroísmo, 1931, ou as manifestações populares de 1933, em Ponta Delgada, que culminaram numa greve geral por altura do Carnaval desse ano, ou a estória de mais de duas dezenas de micaelenses presos, em 1938, e condenados ao degredo no forte de S. João Baptista, em Angra do Heroísmo, grupo do qual fazia parte Carlos Ildefonso Tomé, avô do autor, bem assim como muitas outras estórias, muitas estórias de resistência a um regime opressor e cruel, necessita de mais atenção investigação.
Era um regime que prendia arbitrariamente, que torturava, que matava, que sonegava direitos tão elementares como o direito ao ensino. Veja-se este trecho do livro de Carlos Tomé, (...) - A escola não é para comunistas, nem para os filhos dos comunistas, perceberam todas? Ela foi expulsa, vai para casa!
Ato contínuo, pegou na mão de Lígia, com mais firmeza do que a necessária para os sete anos da “comunista”, e com um seco “Bom dia! Pôs-se a caminho, levando-a da escola, … afastando-a irremediavelmente dos seus sonhos de menina.” (...)  
Carlos Tomé não é um historiador, é jornalista, mas com esta obra dá um importante contributo à história da luta contra a ditadura do Estado Novo. O seu avô distribuía correspondência em Ponta Delgada, na correspondência vinham jornais de Lisboa que continham outros jornais, Carlos Ildefonso Tomé, soube e continuou a entregá-los aos destinatários, e a lê-los. Sim era o Avante! Lia outros, os que se publicavam em Ponta Delgada, os que vinham de Lisboa e os que vinham da comunidade açoriana radicada na costa Leste dos Estados Unidos. Tinha esse mau hábito, lia jornais.

Foto by Aníbal C. Pires
Isso custou-lhe a prisão, o degredo. Isso custou à Maria José, sua mulher, e aos seus nove filhos muitos sonhos por cumprir e o peso do estigma que sobre eles se abateu. Talvez isso tenha sido mais penalizador para Carlos Ildefonso do que os dias que passou na Poterna, no forte de S. João Baptista.
Foi preso pela PSP de Ponta Delgada, esteve na cadeia da Boa Nova e foi degredado para Terceira onde cumpriu a pena que um Tribunal Militar Especial o condenou. No forte de S. João Baptista, onde na altura se encontravam mais de duas centenas de presos políticos, ficou na caserna dos comunistas, aí privou com Joaquim Pires Jorge e com José Gregório, de entre outros destacados militantes do PCP, com os quais manteve uma relação, como não podia deixar de ser, de grande camaradagem. Carlos Ildefonso não era militante do PCP, mas foi acolhido como se fosse um deles. Carlos Ildefonso não sendo militante do PCP, durante este processo e nos longos meses que passou preso no forte de S. João Baptista, comportou-se como se o fosse e granjeou o respeito de todos, designadamente, do Joaquim Pires Jorge e do José Gregório.
Ontem coube a Carlos César fazer a apresentação do livro e do autor e, a Carlos Enes o enquadramento histórico. Ontem, talvez, pela primeira vez estive de acordo com Carlos César, de acordo sem qualquer reserva, o livro Um Perigoso Leitor de Jornais deve fazer parte da leitura obrigatória em todas a escolas da Região. Espero que esta sugestão de Carlos César seja aceite pela tutela da Educação e pelos responsáveis pela rede regional de bibliotecas.

Uma nota final para dizer o que ainda não disse, Gostei, gostei até às lágrimas. Não apenas gostei como me emocionei durante a leitura. Nem todos os livros de que gosto me emocionam, mas este foi um deles. A emoção fez com que as lágrimas rolassem pelo meu rosto.
Bem hajas Carlos Tomé.

Ponta Delgada, 30 de Maio de 2017

... do vampirismo

Aníbal C. Pires (S. MIguel, 2017) by Madalena Pires





Fragmento de texto a publicar na imprensa regional e aqui, neste blogue.






(...) é que não bastam os registos positivos neste ou no ano anterior, é necessário um crescimento continuado e sustentável. E, para garantir que não há retrocessos é necessário remover alguns obstáculos que impedem o País de traçar o seu próprio destino e, sobretudo, estanquem a sangria de recursos financeiros para o estrangeiro. Lembro que Portugal paga anualmente mais do dobro, em encargos com a dívida, do que recebe de fundos estruturais. Pois é, afinal somos contribuintes líquidos, não para o Orçamento da União Europeia, mas para o setor financeiro internacional que vampiriza os países com dívidas públicas elevadas e economias débeis. (...)

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Opiniões (im)populares

Imagem retirada da internet
Este fim de semana foi dedicado ao cinema. Cinema em casa, uma das vantagens das novas tecnologias de comunicação e das plataformas que as utilizam para disponibilizar conteúdos cinematográficos, pagos ou não.
Ver cinema em casa não é bem a mesma coisa que ir ao cinema. Não, não é. Mas satisfaz e, por outro lado, não tenho que suportar o ruído ensurdecedor das pipocas a serem mastigadas, nem ser agredido pelos impregnados odores oleosos das pipocas que caem no chão e nas cadeiras e que os serviços de limpeza, ligeira como convém para diminuir custos, deixam por lá a degradar-se até que a atmosfera se transforme numa coisa bafienta e desagradável para o olfato.
Depois do filme se iniciar e passado algum tempo habituamo-nos, ao ruído e aos odores. As imagens, os sons e o enredo do filme despertam outros sentidos que se sobrepõem ao incómodo de uma sala bafienta frequentada por muitos apreciadores de pipocas e alguns, poucos, apreciadores da sétima arte.
Claro que esta não é uma opinião popular, assim como não são populares outras opiniões que tenho sobre os usos de espaços públicos. Nada posso, nem nada, quero fazer para alterar a impopularidade das minhas opiniões pois, estas minhas opiniões não incomodam ninguém. E os meus incómodos eu resolvo, evitando as causas que lhe estão na origem. Nem sempre é fácil, mas vou fazendo por isso, por não me deixar incomodar com comportamentos que me incomodam. Afasto-me, evito-os, ignoro-os.

Imagem retirada da internet
Tenho, contudo, outras opiniões que incomodam e também não serão muito populares. Não são populares porque não têm associado um discurso populista, isto é, não exprimem a opinião dominante que alguém, os destinatários que pretendo incomodar, se encarregou de massificar. Ainda assim insisto. Insisto não por teimosia, mesmo sendo obstinado, mas pela razão que lhes está associada.
Razões que ganham dimensão e que preocupam quem se preocupa com o presente e o futuro. Razões que não sendo populistas, mais tarde ou mais cedo, irão ganhar a popularidade que promove a necessária transformação social, sem a qual não é possível qualquer transformação política.
Em Portugal, ainda que insipiente, renasce uma nova esperança. Afinal é possível, afinal não era inevitável ter de trilhar o caminho a que nos obrigaram e que a maioria dos portugueses aceitou como sendo o único. Valeu a opinião e a luta de quem tem opiniões minoritárias e se recusa a integrar a submissão como modo de pensar e agir. Prevaleceu a insurgência e a rebeldia, prevaleceu a luta contra o diretório político e financeiro da União Europeia, prevaleceu a opinião impopular e minoritária que promoveu a mudança e fez renascer a esperança. Se estou satisfeito, Não.
E por que não estou satisfeito vou continuar fora do rebanho e a não permitir que tudo se uniformize. A diversidade é tão bem mais desafiante.
Ponta Delgada, 28 de Maio de 2017

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 29 de Maio de 2017

domingo, 28 de maio de 2017

... dos incómodos

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017) by Madalena Pires




Fragmento de texto a publicar na imprensa regional e neste blogue que é assim como o fiel depositário dos meus escritos e outros devaneios.






(...) Claro que esta não é uma opinião popular, assim como não são populares outras opiniões que tenho sobre os usos de espaços públicos. Nada posso, nem nada, quero fazer para alterar a impopularidade das minhas opiniões pois, estas minhas opiniões não incomodam ninguém. E os meus incómodos eu resolvo, evitando as causas que lhe estão na origem. Nem sempre é fácil, mas vou fazendo por isso, por não me deixar incomodar com comportamentos que me incomodam. Afasto-me, evito-os, ignoro-os. (...)

sábado, 27 de maio de 2017

Miguel Urbano Rodrigues - (1925-2017)

Miguel Urbano Rodrigues







O Miguel partiu hoje à tarde para a memória da gente. Da gente que não cala, da gente que não desiste, da gente que luta.
Deixa-nos um enorme legado de luta pela dignidade e libertação dos povos.
Até sempre camarada Miguel.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Desanexar para ampliar

Imagem retirada da internet
As Lajes, enquanto Base Aérea portuguesa utilizada pelos Estados Unidos, voltaram à opinião pública e à agenda política. Os motivos são vários e todos eles dignos de menção, sem dúvida, mas não é sobre o ponto de vista do que motivou este regresso ao assunto que hoje dedico algumas linhas e algum do vosso tempo para tergiversar sobre a infraestrutura aeroportuária das Lajes.
Todos temos conhecimento de várias infraestruturas aeroportuárias onde as operações militares e civis convivem em harmonia, desde logo no Aeroporto Humberto Delgado, onde o Aeroporto Militar de Figo Maduro funciona.
Na Alemanha, em Espanha, nos Estados Unidos e por aí adiante outros casos semelhantes existem e coexistem, ao contrário do que se passa nas Lajes, onde o Comando Militar português, dentro das suas competências e fazendo cumprir os regulamentos, tem criado alguns condicionalismos à operação civil, por outro lado, nos últimos anos e face ao aumento do movimento de aeronaves civis durante o chamado Verão IATA, são conhecidos alguns episódios em que a operação civil foi alvo de vários constrangimentos.

Foto by Aníbal C. Pires
E a pergunta é óbvia porque acontece nas Lajes e não acontece noutros locais onde as operações aéreas, civis e militares, decorrem com normalidade. A diferença reside na total separação das duas valências, ou seja, pelas particularidades de uma e outra operação as infraestruturas, usando espaços comuns, estão efetivamente isoladas uma da outra. E é, no essencial, isto que não se passa nas Lajes.
Se a solução é fácil, Talvez não seja. Mas se queremos que o aeroporto civil que serve a ilha Terceira possa reunir todas as condições para que a operação não fique dependente dos constrangimentos que decorrem dos regulamentos militares, então a questão deve ser encarada como uma necessidade regional e encontradas as necessárias e adequadas soluções que satisfaçam as pretensões açorianas. Por outro lado, a necessidade de aumento da chamada placa civil do aeroporto das Lajes, para a qual, existem algumas ideias e mesmo propostas formuladas em sede da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores só terá efeito nas pretensões da operação civil, se a condição anterior estiver satisfeita. Pois, como sabemos, no Aeroporto das Lages, civil mesmo só a aerogare.
A solução de ampliação da chamada placa civil necessita previamente da separação das duas operações, o que pressupõe a desanexação de terrenos do Ministério da Defesa Nacional para o domínio público regional. Com a desanexação fica o Aeroporto das Lajes com espaço suficiente para ampliar a placa civil, a custos inferiores e menos impactos paisagísticos do que aqueles que algumas das propostas existentes têm associados.
Se é assim tão simples, Não será. Mas a solução tem de passar por aí e a resposta às declarações de Devin Nunes, também.
Ponta Delgada, 16 de Maio de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 17 de Maio de 2017

terça-feira, 16 de maio de 2017

estórias com rosto

Sul do Egipto, Agosto de 2006 - foto by Aníbal C. Pires


(...) Os rostos contam estórias e eu gosto das estórias que os rostos me contam. (...)

Aníbal C. Pires, Santa Cruz das Flores, 20 de Agosto de 2015 

... da convivência pacífica

Foto by Aníbal C. Pires








Fragmento de texto a publicar na imprensa regional e aqui, neste blogue











(...) E a pergunta é óbvia porque acontece nas Lajes e não acontece noutros locais onde as operações aéreas, civis e militares, decorrem com normalidade. A diferença reside na total separação das duas valências, ou seja, pelas particularidades de uma e outra operação as infraestruturas, usando espaços comuns, estão efetivamente isoladas uma da outra. E é, no essencial, isto que não se passa nas Lajes. (...) 

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Lusas emoções

Os irmãos Sobral (imagem retirada da internet)
Por razões e acontecimentos diversos foi um fim de semana pleno de emoções para os portugueses, não direi todos, todos. Mas tenho cá para mim que apenas um ou outro mais azedinho, sei lá, assim um cidadão como o Vasco Pulido Valente que escreve muito bem, para quem gosta, mas tem uma fonte inesgotável de bílis. Apenas portugueses como ele, felizmente são poucos, não terão vibrado como uma das tribos de portugueses que nos últimos dias teve motivos para se sentir satisfeito, direi mesmo orgulhoso. Nem sei como é que o Vasco Pulido Valente consegue manter sempre aquela má disposição que lhe turva o pensamento, ali só existe, o Eu, porque o Outro, ou é atoleimado ou, não sabe o que diz, ou é comuna, ou é um qualquer subproduto humano, segundo a conceção que o próprio tem dos seus semelhantes e do Mundo onde vive.
Nem tudo estará dito sobre Fátima, o Papa, o Benfica e o Euro Festival e outros acontecimentos sem a dimensão mediática destes, como por exemplo a vitória da equipa feminina de voleibol, que representou este ano os Açores, nos Jogos da Ilhas, ou o título de campeão regional de seniores, em andebol, conquistado pelo Marítimo Sport Clube (da Calheta de Pero de Teive, de Ponta Delgada) e, muitos outros acontecimentos e eventos que uniram pequenos grupos de portugueses. Nem tudo estará dito, mas não serei eu a acrescentar uma palavra que seja, pelo menos hoje, ao estado de graça que se instalou, no passado Domingo, em Portugal.
Pena hoje ser segunda-feira e a conquista do Euro Festival da Canção não ter dado direito a uma tolerância de ponto, bem que merecíamos. Foram muitas comoções juntas e vinha mesmo a calhar um dia para recuperar da ressaca emocional. Bem vistas as coisas, hoje nos locais de trabalho, sejam eles públicos ou privados, a produtividade deve cair para níveis pouco recomendáveis para um país que precisa é de produzir mais.

Na catedral da Luz (imagem retirada da internet)
Mal por mal fechava-se tudo para, com a tranquilidade que o momento merece, deglutir as emoções e este orgulho que transborda dos corações lusos, sejam benfiquistas ou não, sejam católicos ou não, acreditem ou não, gostem ou não gostem que o Salvador ame pelos dois. Acho que esta coisa de amar pelos dois tem qualquer coisa de platónico, ou mesmo de autossatisfação. Não tenho nada contra, nem ao Platão e, muito menos ao prazer solitário, embora considere o ato pouco satisfatório.

Como já perceberam também eu vibrei, não digo com o quê, mas quem me conhece bem saberá qual o motivo de, também, eu ter os níveis, da lusa autoestima, no topo da escala, ou seja, no vermelho. Não, não foi do tetra. Só mesmo depois do Benfica ser hectacampeão é que, enquanto benfiquista, valerá a pena festejar, até já o Sporting foi tetra campeão, é certo que foi nos anos 50 do século passado, mas para todos os efeitos já foi, e o Porto, mais recentemente, foi penta campeão, por conseguinte, quem leu Benfica ao invés de ler o que de facto está escrito precipitou-se e concluiu mal. Ali vermelho significa risco, assim como nos conta rotações dos automóveis, não é aconselhável entrar no vermelho.
Deixando de lado o tom algo jocoso e irónico do que leram até agora, e porque não tenho nada a esconder, direi que pulei de alegria com a vitória dos irmãos Sobral no Euro Festival da Canção, os motivos da minha satisfação nada têm a ver com qualquer motivo de ordem patriótica e, muito menos nacionalista. Os motivos da minha satisfação foram mesmo aquele poema, aquela música, aquela voz, aquela autenticidade, e a musicalidade da língua portuguesa.
Ponta Delgada, 14 de Maio de 2017

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 15 de Maio de 2017

... das emoções

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017)  by  Madalena Pires





Fragmento de texto a publicar na imprensa regional e, também, neste blogue






(...) Mal por mal fechava-se tudo para, com a tranquilidade que o momento merece, deglutir as emoções e este orgulho que transborda dos corações lusos, sejam benfiquistas ou não, sejam católicos ou não, acreditem ou não, gostem ou não gostem que o Salvador ame pelos dois. Acho que esta coisa de amar pelos dois tem qualquer coisa de platónico, ou mesmo de autossatisfação. Não tenho nada contra, nem ao Platão e, muito menos ao prazer solitário, embora considere o ato pouco satisfatório. (...)

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Mistificações

Foto by Aníbal C. Pires
Aproxima-se o final da semana, e este por obra e graça, não dos videntes pastorinhos, mas da hipocrisia política, será um daqueles fins de semana prolongados. Prolongado só para os trabalhadores da administração pública central e regional pois, não podem os governos, e bem, imiscuir-se na atividade do setor privado.
A tolerância de ponto concedida para assinalar a vinda do Papa às celebrações do 13 de Maio, ou permitir a ida dos fiéis até à Cova de Iria, ainda não percebi muito bem a que fim se destina a tolerância de ponto concedida para sexta-feira, dia 12, mas isso também não é importante. A decisão foi tomada e certamente bem acolhida pela generalidade, senão mesmo pela totalidade dos trabalhadores que dela vão beneficiar.

Foto by Madalena Pires
Esta semana a sexta-feira é à quinta, e isso é fixe. E então se o S. Pedro for solidário e afastar as nuvens, sossegar o vento e faça a temperatura subir qualquer coisinha, então sim, vai valer a pena este bónus concedido pelos Governos da República e da Região Autónoma dos Açores, só por estes. Na Madeira o Presidente do Governo não arriscou a possibilidade real, segundo ele, do êxodo dos madeirenses e porto-santenses para irem a Fátima ver o Papa Francisco esgotar o plafond estadual que está alocado ao pagamento das indemnizações compensatórias, também conhecido por subsídio social de mobilidade, aos passageiros residentes naquela Região Autónoma.
Sei que a família política do Primeiro-ministro e do Presidente do Governo Regional dos Açores é diferente da do Presidente do Governo Regional da Madeira, mas não vou criticar qualquer das decisões, até porque a semana é curta e, quiçá para além de Fátima também vamos ter festa no Futebol, pelo menos é isso que é esperado pelos benfiquistas, julgo eu que de futebol não percebo nada. De Fado também não, mas gosto das novas sonoridades e abordagens que este género de música popular urbana foi assumindo.
Distraí-me e não devia. Hoje o que eu quero mesmo deixar referenciado é a passagem dos 72 anos do fim da II Guerra Mundial e tudo o que isso tem de significado para a Europa e para o Mundo. A tomada de Berlin pelo Exército Vermelho e a posterior capitulação incondicional da Alemanha perante os Aliados, assinala-se hoje, dia 9 de Maio. Capitulação ao fim de 6 longos, sangrentos e aterradores anos onde perderam a vida mais de 55 milhões de pessoas. Sim eu sei, também se assinala o dia da União Europeia, Sim também sei que na versão oficial é o dia da Europa. Mas a Europa é um pouco mais do que os 28 países que pertencem à União Europeia e o dia 9 de Maio relaciona-se diretamente com a conhecida “Declaração Shuman”, feita pelas 16h00, por Robert Shuman, a 9 de Maio de 1950, em Paris. Declaração que lançou as bases fundadoras do que é hoje a União Europeia, logo julgo ser abusivo designar este dia como o dia da Europa. Por outro lado, se tenho de celebrar alguma coisa, então a minha opção vai para a celebração do fim da II Guerra Mundial e da derrota do nazi-fascismo. E é contra o recrudescer do nazismo na Europa e no Mundo que devemos estar atentos e lutar.
Ponta Delgada, 09 de Maio de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 10 de Maio de 2017

Pelos 72 anos da capitulação alemã

Hoje dia 9 de Maio de 2017, passam 72 anos da capitulação incondicional da Alemanha, desde logo, ao Comando do Exército Vermelho, forças armadas da União Soviética, que alguns dias antes tomou Berlin, e ao Comando militar dos Aliados. Nos primeiros dias de Maio de 1945 esta foi a imagem que simbolizou o fim da II Guerra Mundial. Um soldado do Exército Vermelho desfraldava uma bandeira da União Soviética no Reichtag, em Berlin.  
O mainstream europeu e mediático prefere comemorar o dia da Europa.
Comemoração que é uma mistificação pois, a Europa é mais um pouco, ou muito mais que os 28 países membros da União Europeia e mesmo estes 28 países representam várias faces da Europa unida. A Europa rica e que determina o rumo, a Europa subserviente ao diretório financeiro que domina as instâncias decisoras da União Europeia e a Europa submissa e dependente, a necessitar de uma desintoxicação da dependência dos fundos estruturais e de coesão.
O dia 9 assinala o dia da Europa porque, em 1950, Robert Shuman, Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, pelas 16h00, em Paris, tornou pública uma declaração que ficou conhecida com a “Declaração Shuman”, onde se lançaram as bases da União Europeia. É, assim, e em minha opinião, abusivo comemorar este dia como sendo o Dia da Europa, comemorem lá o Dia da União Europeia que a Europa, como já referi, é muito mais do que a União Europeia.

terça-feira, 9 de maio de 2017

... sexta à quinta

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017) by Madalena Pires





Fragmento de texto a publicar na imprensa regional e também neste blogue







(...) Esta semana a sexta-feira é à quinta, e isso é fixe. E então se o S. Pedro for solidário e afastar as nuvens, sossegar o vento e faça a temperatura subir qualquer coisinha, então sim, vai valer a pena este bónus concedido pelos Governos da República e da Região Autónoma dos Açores, só por estes. Na Madeira o Presidente do Governo não arriscou a possibilidade real, segundo ele, do êxodo dos madeirenses e porto-santenses para irem a Fátima ver o Papa Francisco esgotar o plafond estadual que está alocado ao pagamento das indemnizações compensatórias, também conhecido por subsídio social de mobilidade, aos passageiros residentes naquela Região Autónoma. (...)

A morte azul

imagem retirada da internet
As técnicas de controle sobre o comportamento humano não são de hoje, mas, ainda assim, não é fácil perceber como é que uma listagem de tarefas, de autoflagelação e sofrimento que culmina com o suicídio, controlado por uma figura virtual, possa ter ganho adeptos entre a população jovem, população que naturalmente tem uma enorme e indómita vontade de viver.
Os jogadores para concluir com sucesso a lista de tarefas têm de por fim à sua existência. Refiro-me, obviamente, ao jogo virtual denominado “Baleia Azul”, jogo que configura a antítese de qualquer desafio clássico. A “Baleia Azul é um paradoxo. Joga-se para ganhar e não para perder, e neste caso ganhar é perder um bem que não pode, em caso algum, ser restituído, A vida. Paradoxal ou não, a verdade é que esta lista de tarefas já foi concluída, com sucesso, por uns quantos jovens de vários países e continentes.
O seu criador e mentor foi detido, o que não impede, só por si, que o jogo não continue a proliferar e a fazer novas vítimas. As autoridades policiais e as famílias reforçam a vigilância sobre os potenciais aderentes a esta loucura que dá pelo nome de “Baleia Azul. Estas medidas preventivas são importantes e necessárias, mas não deixam de ser medidas paliativas e neste, como noutros casos importaria perceber porquê, Porque é que alguém adere a um comportamento autodestrutivo. Só identificando o que está na génese destes comportamentos contranatura se poderá eliminar o efeito que este jogo está a provocar.

Imagem retirada da internet
A toxicodependência, aqui entendida num sentido lato, é um comportamento autodestrutivo, Sim. Relações sexuais desprotegidas constituem um comportamento autodestrutivo, Também. Mas quer um, quer outro destes comportamentos trazem associado o prazer. A lista não se reduz apenas a estes dois exemplos. Corremos riscos pelo prazer, por um ideal, pelo sucesso, pela afirmação, pela vitória, por uma razão, mas nunca pelo sofrimento, ainda que a vida nos inflija algum. Mesmo sofrendo lutamos para viver, mesmo sofrendo lutamos para sobreviver, mesmo sofrendo lutamos para prolongar a vida, e isso constitui uma vitória, não nos superamos para acabar estupidamente com a vida de forma voluntária e prematura, isso é uma derrota irreparável.
Sofre e morre pela “Baleia Azul” quem não tem razões. E talvez seja o imenso vazio que preenche a vida de muitos jovens que dispõem de tudo, mas lhes faltam razões, que os torna tão permeáveis à indução virtual de comportamentos autodestrutivos.
A psicologia tratará de inventariar as patologias das vítimas, dessa enumeração resultará um perfil padronizado que permitirá identificar dos potenciais jogadores deste paradoxal desafio. Esta informação será amplamente difundida aos pais, aos educadores, à população alvo, às autoridades policiais, informação que sendo por demais importante não é, não deveria, nem pode ser tudo o que há a fazer sobre as causas que estão na origem da adesão ao jogo da “Baleia Azul”.
Ponta Delgada, 07 de Maio de 2017

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 08 de Maio de 2017

segunda-feira, 8 de maio de 2017

... da morte como objetivo

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017) by Madalena Pires





Excerto de texto a publicar na imprensa regional e também aqui, neste blogue






(...) Corremos riscos pelo prazer, por um ideal, pelo sucesso, pela afirmação, pela vitória, por uma razão, mas nunca pelo sofrimento, ainda que a vida nos inflija algum. Mesmo sofrendo lutamos para viver, mesmo sofrendo lutamos para sobreviver, mesmo sofrendo lutamos para prolongar a vida, e isso constitui uma vitória, não nos superamos para acabar estupidamente com a vida de forma voluntária e prematura, isso é uma derrota irreparável. (...)

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Escola (in)segura

Foto by Aníbal C. Pires
Nunca tal me tinha acontecido. Já li descrições e ouvi contar a alguns colegas que viveram situações idênticas, algumas até mais graves e que não se ficaram pela ameaça, como se verificou hoje, durante a manhã numa sala de aula. O incidente que partilho passou-se diretamente comigo e indiretamente com os colegas e a auxiliar de educação com quem partilho duas salas de aula num espaço cedido à Escola onde leciono, em virtude de no edifício sede estarem a decorrer obras de ampliação, espaço que se situa longe do edifício sede da Unidade Orgânica e, como tal, desprotegido por não serem feitos os habituais controles de entradas e saídas.
A manhã tinha decorrido de forma tranquila todos os alunos presentes, os professores e a auxiliar de educação desenvolviam as tarefas programadas num ambiente de cooperação e de proximidade.
Passados que eram poucos minutos das 12h bateram à porta que se encontrava fechada com auxílio de um pequeno cordel de sisal. Dos presentes era eu que me encontrava mais próximo, soltei o cordel abri a porta e deparei-me com um cidadão a quem, como mandam as boas regras da urbanidade, disse bom dia. Não me dirigiu palavra, entrou de rompante sem ter pedido autorização para entrar num espaço para o qual deveria estar autorizado a entrar, não cumprimentou os presentes dirigiu-se ao filho para lhe entregar um título de transporte e num tom de voz agressiva dirigiu-se indefinidamente para os presentes dizendo que não voltaria a proceder ao carregamento do título de transporte e quando o filho faltasse, por não ter o título de transporte válido, que não se atrevessem a marcar falta, mais foi dizendo que se isso se viesses a verificar então as coisas seriam diferentes. Com tantos empregados aqui porque é não tratam disto e tenho de ser eu.
A idade e a vida ensinaram-me a ser tolerante, mas entendi que aquela atitude merecia um reparo e, sobretudo, um esclarecimento. Deixei o reparo de lado e parti para o esclarecimento informando o cidadão que a responsabilidade pela validação do título de transporte era da sua exclusiva responsabilidade. O que é que eu fui dizer, então não é que o cidadão se dirige a mim, em termos poucos corretos, dizendo que na vez de estar de braços cruzados e sem fazer nada que fosse eu tratar daquela merda. Naturalmente não segui o caminho da discussão e muito menos de palavras menos apropriadas, apenas insisti na responsabilidade dos pais e encarregados de educação no cumprimento do dever elementar de educar os filhos, e lá fui informando o cidadão que se o seu educando não comparecer às aulas terá, naturalmente, falta de presença.

Foto by Aníbal C. Pires
O cidadão em tom ameaçador foi saindo do espaço e abanando um capacete que trazia consigo foi dizendo, então atreve-te a marcar falta que isto (o capacete) vai servir para alguma coisa. Alguns dos termos que, entretanto, foi utilizando em frente a todos os presentes e já no exterior abstenho-me de os reproduzir aqui.
Por fim continuei com a ação pedagógica, é para isso que me pagam, informando o cidadão de que a atitude dele, entrada sem autorização na sala de aula e ameaça de violência sobre os docentes constituem crimes públicos. O cidadão lá foi seguindo o seu caminho repetindo os impropérios que achou mais convenientes.
Retirei-me para o espaço da aula que decorreu até ao fim sem nenhum outro incidente e, como se nada se tivesse passado. Mas passou. E o que se passou não pode ser esquecido nem branqueado, sob pena da integridade física e moral dos docentes e dos auxiliares estar sujeita a situações como a que hoje foi vivenciada, ou que as ameaças se concretizem. Terá chegado o tempo de recorrer à Escola Segura e daí aos tribunais, Talvez.
Ponta Delgada, 02 de Maio de 2017

Aníbal C. Pires, In Diário Insular e Açores 9, 03 de Maio de 2017

terça-feira, 2 de maio de 2017

... do absurdo

Imagem retirada da internet

Fragmento de texto a publicar amanhã na imprensa regional e também neste blogue









(...) Naturalmente não segui o caminho da discussão e muito menos de palavras menos apropriadas, apenas insisti na responsabilidade dos pais e encarregados de educação no cumprimento do dever elementar de educar os filhos, e lá fui informando o cidadão que se o seu educando não comparecer às aulas terá, naturalmente, falta de presença.
O cidadão em tom ameaçador foi saindo do espaço e abanando um capacete que trazia consigo foi dizendo, então atreve-te a marcar falta que isto (o capacete) vai servir para alguma coisa. Alguns dos termos que, entretanto, foi utilizando em frente a todos os presentes e já no exterior abstenho-me de os reproduzir aqui. (...)

Da história e da ocasião

Aníbal C. Pires (S. Miguel, 2017) by Madalena Pires
Feriado, mas porquê. Quem sabe porque é feriado no dia 1.º de Maio e no 25 de Abril, ou no dia 10 de Junho, no dia 5 de Outubro e no 1.º de Dezembro, isto para não referir outros feriados como por exemplo aquele que é regional, um que só se comemora nos Açores e que este ano se celebra a 5 de Junho, trata-se de um feriado móvel pois, a segunda-feira de Pentecostes depende, como sabemos, do calendário católico. Todos os anos acontece numa segunda-feira, mas o mês (Maio ou Junho) e o dia são variáveis
Não duvido que a maioria dos cidadãos portugueses até saiba o que se comemora a cada dia de feriado, já não tenho a mesma certeza se conhecem o que lhe está na origem. Amanhã (hoje) comemoramos o Dia do Trabalhador, Certo. Mas porquê no 1.º dia do mês de Maio e não num qualquer outro dia, de um qualquer mês do nosso calendário. No primeiro de Dezembro comemoramos a Restauração, Sim é verdade, mas o que é que foi restaurado e porquê a necessidade de restaurar, neste caso a independência nacional.
Serão minudências, Talvez. Mas estas minudências podem fazer toda a diferença entre valorizar ou desvalorizar alguns dos dias que pela sua importância e simbolismo ascenderam a um estatuto diferente do comum dos dias. Todos gostamos dos feriados, não trabalhamos, ou se tivermos de o fazer somos, na generalidade, compensados por isso. Mas estes dias são muito mais do que um dia de descanso ou de compensações pecuniárias. Estes são dias que fazem parte da nossa história enquanto povo, são dias, como o 1.º de Maio, que fazem parte da história da humanidade e que se relacionam com conquistas civilizacionais.

Foto by Aníbal C. Pires
Mas se a celebração dos feriados é, não só aceitável, mas também importante do ponto de vista da nossa história e da história da humanidade, o mesmo não se pode afirmar das discutíveis e controversas “tolerâncias de ponto”.
A próxima “tolerância” já foi anunciada pelo Governo da República, relaciona-se com a vinda do Papa Francisco às celebrações do centenário das “aparições” da Nossa Senhora aos pastorinhos. “Tolerância de ponto” já envolta em apaixonadas discussões na opinião pública nacional. Não tenho muito que dizer sobre esta decisão, mas sempre direi que esta “tolerância de ponto” não tem justificação. Não pelo Papa Francisco em si mesmo, que me merece todo o respeito, mas por tudo o que significa esta espúria ligação entre o Estado e a Igreja, designadamente com um dos aspetos mais contestados da igreja católica portuguesa. E por aqui me fico no que à questão das “tolerâncias de ponto” diz respeito e, em particular a esta.
Preocupa-me, isso sim, as razões que estão associadas ao desconhecimento das causas que estão na origem da celebração dos feriados nacionais. Isso sim é preocupante e leva-me a pensar o quão seria importante o ensino da história ao longo de todos os ciclos de ensino pré-universitário, não só da história como também da geografia. Não é possível entender o Mundo em que vivemos e todas as transformações que foram ocorrendo ao longo de milénios sem aceder ao conhecimento destas duas áreas do saber. Mas isto sou a idealizar um certo modelo de Escola, ou seja, nada que seja verdadeiramente importante.
Ponta Delgada, 30 de Abril de 2017

Aníbal C. Pires, In Azores Digital, 02 de Maio de 2017

segunda-feira, 1 de maio de 2017

1.º de Maio - lutar por Abril em Maio


Sonha um Abril novo

Não sou, não és, 
Não somos colaboradores
Sou, és, 
Somos trabalhadores
E não é semântica
É exploração
Eu, tu, nós
Produzimos a riqueza
Para quem
Nos empobrece
Em Maio luta
Pelo sonho
De um Abril novo

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 01 de Maio de 2017

Esperanza Spalding - a abrir Maio


Esperanza Spalding é cantora, instrumentista, compositora, professora, Esperanza Spalding é mulher, É mulher que luta é bonita como só as mulheres que lutam conseguem ser.






Mulher comprometida com a luta por um Mundo melhor. Esperanza Spalding a abrir Maio.










... do saber

Foto by Aníbal C. Pires




Uma parte. Amanhã o todo será publicado na imprensa regional e também aqui, Neste blogue








(...) Não é possível entender o Mundo em que vivemos e todas as transformações que foram ocorrendo ao longo de milénios sem aceder ao conhecimento destas duas áreas do saber. Mas isto sou a idealizar um certo modelo de Escola, ou seja, nada que seja verdadeiramente importante. (...)