terça-feira, 3 de abril de 2018

Ainda o “cachalote” e as minhas dúvidas

Foto by Aníbal C. Pires
A última publicação (aqui) gerou, naturalmente, muitos comentários, muitas reações e muitas visualizações.
Nada que não fosse expetável. Os transportes aéreos são estratégicos para a Região, a SATA é, ou deveria ser, um importante instrumento de desenvolvimento regional, ao que acresce a grande quantidade de especialistas em assuntos aeronáuticos por Km2 existentes nos Açores, grupo no qual, como tenho vindo a afirmar bastas vezes, não me incluo pois, a minha especialidade, por força das circunstâncias, versa sobre generalidades.
As opiniões que divulgo através dos meus textos de opinião transmitem, apenas e só, a opinião de um cidadão que procura estar atento ao que o rodeia e não abdica do direito de cívico de intervir na vida da sua Região, não abdica de questionar.
Este texto, ou melhor as palavras que se seguem, não pretendem clarificar nada, embora muitos dos comentadores de serviço nas redes sociais parece não terem entendido o conteúdo e alcance da anterior publicação, mas quanto a isso não posso fazer nada.
Como vinha dizendo as palavras que se seguem têm como objetivo complementar aquilo que ontem questionei e que posso resumir, da seguinte forma:

- O A 330 da Azores Airlines vai para a Hi Fly e a Azores Airlines por sua vez vai adquirir os serviços (A 330 e A340) da Hi Fly para a operação do Verão IATA (2018). Quais os valores que estão envolvidos nesta operação comercial e quem é que tomou a decisão. Isto tem de ser explicado ao accionista (Povo Açoriano). Ou seja, implícita ou explicitamente isto é o que escrevi ontem.

Foto by Aníbal C. Pires
Mas vamos lá então dar cumprimento ao objeto desta publicação.

- A Azores Airlines necessita, ou não, de aeronaves com as caraterísticas do A 330 para a sua operação.

- Existe, ou não, mercado para que uma aeronave com as caraterísticas do A 330 possa ser, mesmo estando ao serviço da Azores Airlines, alocada a charters e a ACMI.

- Qual o valor investido na formação das tripulações para o A 330.

- A necessária formação para reconverter os pilotos do A 330, mas também dos A 310 para os A 320/321, não terá tido custos muito elevados, mas também os terá, Quanto.

- Aparentemente existe um ganho que pode cobrir o crónico défice de tripulações da Azores Airlines, mas por outro lado com a chegada do segundo A 321 e o anunciado aumento das frequências nos voos para os Estados Unidos, para além de outros compromissos do plano operacional e comercial, mas também das rotas com obrigações de serviço público, deixa-me algumas dúvidas sobre a este aparente ganho ao nível do número de tripulações.

- Qual o valor do leasing operacional do A 330 que estava a ser pago pela Azores Airlines.

- Qual o número de horas contratualizadas à Hi Fly pela SATA (em regime de ACMI) para satisfazer as necessidades da operação do Verão IATA (2018). Parto do princípio que o valor do leasing do A 330 e tudo o que isso envolve vai ser, totalmente, suportado pela Hi Fly.

- Esta não é uma questão é um dado concreto. O Ciprião de Figueiredo vai para uma grande revisão de manutenção (prevista) e só depois será entregue à Hi Fly. Prevê-se que o cachalote esteja inoperante cerca de um mês.

- Ao que parece a SATA justifica esta opção de dispensar o A 330 pela por receios quanto à sua fiabilidade. Bem mas o A 330 é só a aeronave com maior fiabilidade da Azores Airlines. A avarias e incidentes todas as aeronaves estão sujeitas, aliás o novíssimo A 321 Neo, no momento em que escrevo estas linhas, ainda continua no chão devido a um problema técnico inesperado.

Foto by Madalena Pires (Fev. 2018)

Fico-me por aqui julgo que, por ora, é suficiente.

Um dia destes voltarei para uma breve incursão ao passado recente. Talvez, para conversar um pouco sobre o desastre que foi, mas podia não ter sido, a operação da Azores Airlines no Verão IATA de 2017. Talvez, porque o manancial temático sobre a SATA (Azores Airlines e SATA Air Açores), transportes aéreos na Região, liberalização de rotas, revisão das obrigações de serviço público e infraestruturas aeroportuárias é inesgotável e, como tal, as minhas opções são imensas, uma vez que há uns dias atrás quebrei o compromisso que tinha comigo próprio de não voltar a opinar sobre a SATA.

Aníbal C. Pires, Ponta Delgada, 03 de Abril de 2018

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